continuem a dizer que sou prolixo, mas quanto mais digo, menos sei. me perco em sentimentos vis quando em um domingo a noite sigo a 3 de maio a baixo, minhas duas moedas no bolso chacoalham e fazem-me percorrer a calçada comprida como uma ovelha, a descer o planalto sem o pasto ou o pastor. desço e logo na primeira esquina a chuva surge, fina, miúda, graduando o clima tropical até o ápice que este chegaria de uma sensação térmica agradável. meus ombros molham, quase só eles, e meus cílios, estes molham e sujeitam meus olhos a insegurança da chuva ávida. meus olhos mornos após um cochilo da tarde tendem a render-se ao sopro que corre nas ruas de belém. meu corpo ligeiro desaparece e dá lugar ao passo raramente lento, sempre acanhado pela escuridão que as mangueiras projetam no chão úmido. banhado de limo, repleto de crateras de concreto, pedra batida, chão estourado, ladrilhos rachadas, buracos e mais buracos, calçadas velhas, calçados velhos, enquanto disse isso, desaprendi ainda mais
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